Área de Biociências da EEFD realiza pesquisas de intervenção e de base

O corpo docente do Departamento de Biociências da EEFD conta com doze professores que atuam em nove laboratórios e um núcleo de pesquisa. Seus professores são responsáveis por cerca de dez disciplinas na graduação e cinco no Mestrado. O Departamento também oferece três cursos de especialização (pós-graduação lato-sensu): biomecânica, ciências da performance humana e treinamento desportivo. O quarto curso, em ciências do futebol, tem previsão de oferta de sua primeira turma para 2011.

O professor João Pedro Saar Werneck, atual chefe deste departamento, explicou que o grupo de professores se divide em duas subáreas: a cinesiologia/biomecânica e a fisiologia do exercício. A primeira estuda o movimento humano, enquanto a segunda observa a relação do exercício com a fisiologia dos sistemas corporais:

- Há uma classificação de forma clássica e didática no que concerne o campo de pesquisa das duas áreas. A cinesiologia/biomecânica se preocupa com a integração entre os tecidos e sistemas para a produção de movimento humano e a fisiologia está mais preocupada com as mudanças fisiológicas agudas e crônicas em resposta ao exercício físico, ou seja, em como o exercício interfere nos sistemas corporais, e não apenas no movimento. Contudo, atualmente, as áreas são tão integradas que há parcerias de trabalhos entre elas – explicou o professor João Pedro.

 Nesses dois campos de trabalho, diversas pesquisas são realizadas regularmente, sendo muito positivo em vários aspectos. A produção científica é bastante importante para a avaliação do Mestrado da EEFD pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão do Ministério da Educação responsável pelos cursos de pós-graduação. Para a CAPES, a produção científica e acadêmica dos professores ligados a um programa de pós-graduação conta muitos pontos para o curso. As pesquisas relacionadas com a área de Biociências também devem ser submetidas ao Comitê de Ética para estudos com animais e humanos, dependendo de como ocorrerá a experimentação.

O precursor da pesquisa na EEFD, neste campo, foi o professor emérito Maurício José Leal Rocha. Na década de 1970, ele criou o Laboratório de Fisiologia do Exercício (LABOFISE), e deu a partida para toda a pesquisa na área de biociências na  Escola de Educação Física da UFRJ. A importante contribuição do LABOFISE para a área de Educação Física no Brasil o mantém como referência histórica e fonte de inspiração para as atividades que são desenvolvidas  na área de biociências na EEFD.

Atualmente, no setor de fisiologia do exercício do departamento, encontram-se seis laboratórios. No Laboratório de Biometria (LADEBIO), coordenado pelo professor Fernando Pompeu, os pesquisadores estudam os mecanismos de fadiga muscular durante o exercício. No Laboratório de Bioquímica do Exercício e Motores Moleculares (LABEMOV), em fase de implantação no prédio da EEFD, a professora Verônica Pinto analisa o estresse oxidativo induzido pela atividade física. Já no Laboratório de Ergoespriometria e Cineantropometria (LErC), o trabalho desenvolvido pela professora Fátima Palha envolve a mulher no esporte. No Laboratório de Mapeamento Cerebral e Integração Sensório-Motora (LMCISM), o foco das pesquisas do professor Alair Pedro Ribeiro é o estudo dos mecanismos centrais do controle motor. No Laboratório de Biologia do Exercício (LBE), o trabalho dos professores João Pedro Werneck e Luciane Barcellos abrange as pesquisas das respostas hormonais ao exercício, a lesão muscular e a existência de mecanismos de proteção cardíaca ocasionadas pela atividade física. Enquanto que no Laboratório de Estudo em Ciências do Exercício e Treinamento (LECET), o professor Renato Alvarenga estuda, por meio da técnica de bioimpedância, formas não-invasivas de detectar o limiar de lactato no sangue.

No setor de biomecânica, o Laboratório de Biomecânica Muscular (LABMUSC), coordenado pela professora Liliam Oliveira, observa alterações da arquitetura muscular induzidas pela atividade física. No Núcleo de Estudos do Movimento Humano (NEMoH), os professores Luís Aureliano Silva e Marco Garcia estudam o controle do equilíbrio e da postura, enquanto o professor Carlos Gomes investiga o impacto de uma contração prévia na força desenvolvida.

As pesquisas desenvolvidas pelos laboratórios do Departamento de Biociências podem ser classificadas como pesquisas de intervenção e pesquisas de base:

- A CAPES classifica como pesquisas de intervenção, aquelas que têm uma aplicação direta. Aqui na EEFD, temos tanto pesquisas de intervenção quanto aquelas que trazem suporte para outros estudos, chamadas pesquisas de base. Como exemplo, o meu trabalho com lesão muscular em humanos tem uma aplicação direta, imediata. Estamos tentando ver diagnósticos de lesão, incidências de lesão no esporte. Há, também, o professor Fernando Pompeu, que trabalha com fadiga muscular em exercício, tendo uma aplicação direta muito importante. – observou o professor João Pedro Werneck, chefe do Departamento de Biociências da EEFD.

Apesar da maioria das atividades de pesquisa estar vinculada ao Mestrado, elas são muito importantes para garantir a renovação e a qualidade do ensino na EEFD. Segundo João Pedro, a pesquisa é o mecanismo que permite ao corpo docente estar sempre atualizado, trazendo aos alunos de graduação novos conhecimentos sobre as áreas do saber. Além disso, para ele, a pesquisa pode ter também efeitos práticos sobre a graduação:

- Muitas aulas práticas que eu ministro na graduação são possíveis graças à pesquisa. A universidade tem dificuldades financeiras grandes e não temos laboratórios para ensino. Mas, por exemplo, as aulas práticas de determinação do limiar de lactato podem ser realizadas com os equipamentos que nós conseguimos para a pesquisa – contou.

O professor João Pedro destacou como expectativas para o futuro do Departamento de Biociências a implantação do Laboratório de Bioquímica do Exercício e Motores Moleculares. As verbas para obras do espaço físico na EEFD foram disponibilizadas pela FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro). Também estão em pauta a construção de uma sala de musculação e a parceria  com a área de Dança da EEFD em um projeto de avaliação de lesão muscular em bailarinos.

Pedro de Figueiredo