I Encontro com Mestres Populares na UFRJ

O I Encontro promoveu essa reunião visando a integração, discussão e  elaboração de uma unidade de ações. A proposta ocorreu através de palestras com pesquisadores e agentes culturais que abordaram temas presentes nas discussões sobre as condições que os portadores das tradições populares enfrentam no panorama da sociedade contemporânea.
Ao Encontro compareceram mestres do Jongo da Serrinha e de Angra dos Reis e do Mineiro-pau e Boi-pintadinho de Santo Antônio de Pádua (RJ) (Nico),  Folia de Reis Flor do Oriente de Duque de Caxias, Batuque de Umbigada de Piracicaba e Tietê (SP), Congada Moçambique Pena Branca de Uberlândia (MG) e Bandas de Congo do Espírito Santo.
O evento foi aberto com uma grande festa em comemoração aos vinte anos da Companhia Folclórica do Rio-UFRJ, com exposição de fotos, vídeos, trajes e adereços que contam a trajetória deste projeto.
O segundo dia foi aberto com oficinas dos grupos do Jongo da Serrinha e da Folia de Reis de Caxias. Compareceram a cada uma destas oficinas 30 pessoas que se inscrevem através do site criado pra o evento.
Partiu-se, então, para a primeira palestra proferida pela professora Adriana Schneider Alcure (UFRJ) e por Eliomar Mazzoco da Comissão Espiritosantense de Folclore sobre o tema “Como os grupos lidam com as novas formas de divulgação midiática - CDs, DVDs, livros e vídeos: direitos autorais, financiamento e retorno financeiro”. Houve uma calorosa discussão, pois alguns dos grupos presentes relataram as sua experiências e dificuldades para registrarem seus produtos artísticos, além de denunciarem a prática perversa de produtores culturais que se apropriam dos direitos de produção, retornando muito pouco aos grupos.
Na parte da tarde, as oficinas de Mineiro-pau e Bandas de Congo contaram com os trinta inscritos previstos. Estas turmas foram compostas por alunos e ex-alunos da UFRJ, professores, pesquisadores e outros interessados na cultura popular. Como última atividade do dia, houve a continuação do debate iniciado pela manhã, desta vez através da voz dos mestres. Ficaram registradas as impressões para a elaboração da carta final do Encontro.
A oficina da manhã do dia 08 foi do Batuque de Umbigada, iniciada à beira da pequena fogueira que afinava os tambores e concluída no ginásio de Dança da EEFD. A palestra sobre o tema “Pesquisa e registro da cultura imaterial: qual é o papel dos mestres?” foi proferida por Joana Corrêa (Associação Cultural Caburé) e Nicolas Alexandria (ISER).
Após o almoço aconteceram as oficinas de Jongo de Angra dos Reis e de Congado de Uberlândia, animando os participantes.
Foi apresentada aos presentes o projeto “Cartilha – ao mestre por direito”, instrumento de esclarecimento sobre os direitos legais que vêm sendo consolidados através da legislação recente. Este é um trabalho em
processo de elaboração e a etapa de ser referendada pelos mestres populares fez parte de sua construção. Em breve esta cartilha será distribuída pelas comunidades portadoras das tradições da cultura
popular.
Uma ação imediata foi a orientação e preenchimento do formulário pelos grupos de inscrição no edital prêmio “100 anos de frevo – Mestre Duda” do Ministério da Cultura. Ficou estabelecido o compromisso de que as comissões de folclore e os projetos envolvidos entrassem em contato com as Secretarias de Cultura das cidades afim de alertá-las sobre a importância de criar políticas de incentivo e valorização de seus grupos tradicionais.
Partiu-se, então, para a elaboração da carta final do Encontro, já que foi reservada a manhã do dia 09 para os Mestres e seus acompanhantes passearem por pontos turísticos da cidade, que a maioria não conhecia. Foram à praia de Copacabana e ao Cristo Redentor.
Como etapa final, os grupos foram reunidos na EEFD junto com os participantes e realizaram um cortejo saindo dos corredores até a avenida Carlos Chagas Filho, indo até a quadra externa, próxima à garagem de barcos. Ali, uma fogueira já esperava os tambores para prepará-los para uma grande roda, contando com toda a comunidade do campus.
A festa durou até o anoitecer, como despedida aos grupos que já se encaminhavam de volta para suas localidades.
Após o retorno dos grupos, a impressão que ficou é de que este era um primeiro e importante passo para um conjunto de ações. ­